O auto-conhecimento é o pilar base do Yoga. A pratica, ajuda-nos a ganhar uma consciência muito clara de que:

cada um de nós é um Ser único, com uma missão de alma. Quando estamos alinhados com a nossa missão, encontramos um propósito para a nossa experiência na terra, e toda a nossa passagem torna-se uma grande satisfação.

Isto quer dizer que entendemos a nossa individualidade como sendo divina, ao mesmo tempo que nos aproximamos da nossa natureza. Todos nascemos com uma luz brilhante, perfeitamente em comunhão com o Todo: os bebés/crianças vão dormir quando o sol se põe, acordam quando o sol nasce, choram por instinto de quererem se sentir protegidos pela progenitora. Precisam da mama nos primeiros tempos para sobreviver (literalmente) e depois para sobreviver emocionalmente. Os bebés humanos estão em comunhão com qualquer mamífero do reino animal, onde as ninhadas ficam junto da mãe durante os primeiros anos. Assim, aprendem como se defender de qualquer perigo no seu habitat e a criar ligação emocional para se relacionar com os pares.

O cérebro humano encontra a sua maturidade por volta dos 25 anos, até lá, está em constante desenvolvimento (tendo já sido comprovado cientificamente que o cérebro é neuro-plástico, ou seja, vai-se mantendo em desenvolvimento há medida que vai tendo novas experiências que lhe trazem aprendizagens diferentes), então não podemos esperar que uma criança tenha o mesmo tipo de compreensão do mundo como nós adultos. E nós adultos não podemos esperar que sejam sempre as crianças a se colocarem em bicos dos pés para nos acompanharem sem que nós tenhamos a generosidade de nos colocarmos de joelhos para vermos o mundo à medida deles.

Os adultos de hoje foram o reflexo de uma educação autoritária, de punição, onde o afeto raramente era demonstrado, e onde só eramos “bons meninos” se fizéssemos as normas impostas. Caso isso não acontecesse, eramos castigados moralmente e muitas vezes, fisicamente. Isto não gera respeito, mas sim medo e insegurança.

Também se confunde que dar espaço à criança para simplesmente SER a tornará “mimada”. A sociedade deturpou conceitos.

A crianças vieram ao mundo para serem mimadas sim. Dar mimo é sinónimo de dar AMOR. E elas são amor puro: sorriem facilmente, dão abraços e beijinhos por natureza. Uma grande percentagem das pessoas se sente renovada na presença de uma criança.

Mas também precisam de incentivo para que a sua luz se mantenha protegida para continuar a brilhar. Quando se educa numa base de amor e respeito os limites não precisam de ser impostos numa ótica de medição de forças. Os limites são compreendidos e aceites à medida que a criança ganha maturidade para tal e se ela sente que as suas necessidades foram acolhidas, irá dar uma resposta positiva também. Claro que cada família tem o seu desafio e não será sempre assim tão linear, mas o basilar da aprendizagem idealmente deveria ser este.

Mas a nossa sociedade apresenta um problema estrutural. Se os adultos de hoje são crianças de ontem feridas, como dar algo que não aprenderam? Como começam a dar amor? Compreendendo que elas por si só, já são amor. E para isso há que curar todas as feridas de um passado para que não se perpetuem padrões.

É aqui que, enquanto praticante e apaixonada pelo Yoga, acredito que esta sabedoria ancestral possa ser uma excelente ferramenta de auto-conhecimento capaz de alterar formas de estar e pensar.

Começando no tapete iremos tomar consciência dos diferentes estados de espírito, das dificuldades, das nossas emoções e com tempo vamos libertando peso. Melhoramos o nosso humor, a nossa tolerância, a nossa empatia, a nossa consciência, entre tantos outros benefícios que transformam as nossas relações interpessoais.

Enquanto professora, vejo aqui a minha forma de contribuir para uma consciência maior de cada um. Consciência na escolha das palavras que proferimos, nas atitudes que temos com os outros, nos pensamentos que escolhemos para nós. Tudo isto nos altera o campo energético.

Hoje em dia vende-se muito o conceito de “Yoga para crianças”. Eu acho giro e de valor darmos aos nossos pequenos momentos de brincadeira, de imitarem os animais, de saberem como identificar e lidar com as emoções. Também a perceberem desde cedo, que a respiração é a ferramenta mais importante que vão levar para a vida toda, mas de que adianta este parenteses no tempo se depois em casa têm pais que não controlam as suas emoções? Vítimas de stress constante que vivem, lhes gritam, zangam-se e até lhes batem à mínima reação inesperada do seu filho? De que adianta colocar crianças a “fazer yoga” quando estão longe de entender que as crianças já vivem em yoga? Que estão no seu estado mais puro, alinhado com o Cosmos, e os adultos assim o eram em tempos mas já se esqueceram?

Yoga é o regresso a casa em múltiplos sentidos. Acima de tudo, é uma ferramenta que alia saúde, auto-conhecimento e integração individual num todo. Quanto mais pessoas forem conscientes disso e saírem do véu da ilusão, mais terão controlo e compreensão terão sobre si. E assim se muda se começa a mudança: de raíz. A primeira, vem de dentro. Depois, tudo será um reflexo.

Se te sentes muitas vezes impaciente, sem conseguir ter controlar as tuas emoções ou gostavas de entender mais sobre o Ser-Humano, e com isso conseguir compreender melhor os teus filhos, espreita a secção de aulas de yoga. Experimenta uma aula em grupo ou em regime particular para ir ao encontro das tuas necessidades. Mas sê tu também parte da mudança que queres ver no mundo.