O trabalho de parto é duro, é intenso e doloroso. Claro que no final, ao termos o nosso bebé nos braços, vivemos uma felicidade imensa e parece que tudo foi apagado. Isso porque temos hormonas que nos ajudam a ultrapassar tudo, mas é o “durante”, que irá determinar se a nossa experiência de parto foi positiva ou algo insatisfatório.

Como professora de Yoga, tenho um grande respeito pela mente. Sei que lá, pode ser criado o céu como também o inferno. Sei que a nossa mente e corpo estão intimamente ligados. O pensamento tem a força de mudar o nosso estado de espirito e assim nos direcionar um caminho.

Por isso é que o Hypnobirthing me fascinou e considero um método muito útil das mulheres conhecerem ao longo da sua gravidez, porque ajuda na ligação ao bebé, no controle da ansiedade, na sua autodeterminação e confiança. As mães que conheceram o Hypnobirthing na gravidez, relatam períodos de gestação mais serenos e um dia de parto como sendo um momento de empoderamento, pois as decisões tomadas foram seguras e confiantes porque tanto a mãe como o pai (ou outro acompanhante) se prepararam previamente, e tinham conhecimento de ferramentas que podiam usar como recurso se houvesse necessidade.

– Compreender a lógica e simplicidade do Hypnobirthing;

– Entender como é importante manter a positividade a fim de aumentar a confiança e libertar o medo;

– Perceber o que é o ciclo medo, tensão, dor;

– Abordar a fisiologia do parto: como trabalha o teu corpo e como trabalhar com ele ao invés de contra ele;

– Clarificar o efeito que a mente tem no corpo;

– Falar das diferentes fases do trabalho de parto: saber identifica-las e o que fazer em cada uma delas;

– Conhecer as técnicas de respiração e relaxamento para que consigas te manter centrada nos momentos mais desafiantes;

– Compreender o poder das palavras e a importância de um ambiente de parto harmonioso e propício ao trabalho de parto;

– Conhecer e usar a técnica BRAINS (Benefícios, Riscos, Alternativas, Intuição, Nada, Sorrir) para tomares as melhores decisões para ti e para o teu bebé, em conjunto com a equipa de profissionais de saúde que te acompanha;

– Entender o que é um parto humanizado, respeitado e com a mulher a assumir em maior parte a responsabilidade pelo seu parto;

– Compreender que o plano de parto é mais do que um documento;

– Falar da importância do papel do pai, ou acompanhante do parto;

– Referir a Golden Hour: saber o que é, prepara-la e aceitar as suas imprevisibilidades ;

– Abraçar uma nova família que nasce 🙂 

O meu filho nasceu em 2021, estávamos nós com muitos condicionamentos em salas de parto por conta da pandemia. Quis que o meu parto fosse num hospital publico onde referências iam ao encontro de boas praticas, mas uma das contrapartidas é que só poderia ter acompanhante com teste negativo. Uma vez que optamos por esperar que o parto se desenrolasse naturalmente, só realizamos o teste na admissão. Assim, fiquei só num quarto, com obrigatoriedade de ter uma máscara colocada enquanto não tivesse o resultado e a viver todo o processo de dilatação sozinha. Comecei a ficar nervosa. Eu, que ingenuamente achava que me tinha preparado porque tinha lido muitos livros, visto documentários, ouvido podcasts e cursos online sobre o tema, percebi que estava completamente desamparada. A dada altura, deixei-me dominar pelo medo, só me focava na dor e desconectei-me completamente do momento. Quando o meu companheiro teve permissão para entrar, também não tinha ferramentas para me tirar daquele ciclo. Com ambos assustados, o trabalho de parto foi mais longo que o previsto e só na iminência de terminar no bloco operatório é que o meu filho nasceu. Mas chegou pouco reativo e por prevenção, foi logo levado para o Serviço de Neonatologia para observação onde ficou por cinco dias. E assim terminou o nosso parto, separados. Felizmente, não teve nenhuma complicação e graças às enfermeiras que me deram todo o apoio, a amamentação ocorreu. Mas o nosso “verdadeiro momento a dois” só ocorreu depois em casa, já bem longe do êxtase de dar à luz.

Não considero que tive um parto traumático, mas sei que não tive de todo uma experiência de parto positiva. Fiquei muito triste e com muitos sentimentos de culpa por meu bebé ter chegado a este mundo de forma tão tensa. Foi essa vontade de compreender o que aconteceu (e porque também queria dar um maior suporte a gravidas que me procuram para aulas de yoga) que me levou a conhecer o Hypnobirthing através da formação Partos sem Medos pela querida Maria com quem tanto aprendi. Entendi como estava despreparada, com crenças limitantes em relação ao parto e desempoderada no conhecimento ao meu corpo. E como eu, estarão muitas mulheres.

dando-me um novo sentido de missão. Por cada mulher a quem possa levar informação relevante e ensinar técnicas que a ajudem na relação de união com o seu bebé, será o meu humilde contributo para um mundo com mais amor. Que mais mulheres vivam o seu parto sem medo e confiantes do seu corpo e da sua capacidade instintiva de parir.  Para que mais mulheres relembrem esse dia com alegria ao invés de tristeza. Porque como disse em tempos o obstetra Michel Odent: “para mudar o mundo, é preciso primeiro mudar a forma de nascer”. E assim o faremos, uma família de cada vez. 🙂