Muita gente pensa que uma prática de yoga avançada é conseguir alcançar posturas difíceis, e aqui paira um grande equívoco. Yoga avançado é conseguir estar numa meditação constante onde conseguimos estar conscientes das nossas emoções e pensamentos sem nos envolvermos neles. Então, quando decidimos entregarmo-nos ao tapete, estamos a escolher começar esse caminho de meditação com movimento, através da fluidez das posturas, da consciência da respiração e da nossa presença em cada dia que é sempre diferente.
Vamos desconstruir mais o tema.
Fala-se muito em meditação nos dias de hoje. Divulgam-se os seus benefícios e como é um remédio natural para a doenças que afetam as pessoas atualmente: stress e ansiedade. O problema que se coloca é como meditar quando vivemos numa sociedade que nos bombardeia constantemente com informações, ideias, obrigações, ruídos, cheiros. Fica difícil “desligar” de tudo para ficar imóvel, sem fazer absolutamente nada e apenas observar. A nossa mente está sempre agitada, envolvendo-nos em pensamentos e emoções que nos impedem de ver a vida na sua totalidade.
O Yoga enquanto escola e prática, é o caminho que se percorre para irmos ao encontro da nossa verdadeira natureza.
Ao nascermos, vimos num corpo. Enquanto somos bebés e crianças pequenas, estamos intimamente ligados aos nosso instintos: primeiro por sobrevivência fisiológica e depois, por sobrevivência emocional. Com o experienciar de sensações, emoções e explorando o lado social, começamos a desenvolver aquilo que chamamos de mente. Rapidamente passamos a achar que somos esse corpo que habitamos e essa mente pensante. Desenvolvemos a nossa personalidade (ego), e ignoramos que por trás de tudo isto, existe uma consciência ou se quisermos chamar de outra forma, uma inteligência maior, a habitar em nós. Desconhecemos tal facto porque desde cedo a nossa mente é estimulada por factores externos que a fazem estar constantemente agitada e distraída.
É preciso então acalmá-la e também educa-la.
É neste contexto que entram as aulas de Yoga. Através da consciência tanto corporal com as posturas (asanas) como respiratória (pranayamas), e estimulando a concentração (Dharana), vamos entrando numa meditação dinâmica que, com a consistência e repetição, faz a agitação mental cessar. Quando a nossa mente cala, uma voz maior fala. E quando o Yogi – ou Yoginni – consegue encontrar a sua plenitude e assim permanecer, está então no verdadeiro estado de Yoga (União).
É este o fundamento do Yoga… regresso a casa. O encontro da nossa verdadeira essência e aí conseguir permanecer. Numa meditação constante. O estado de Yoga é percebido quando a mente está aquietada e sem agitação.
Agora que entendemos o “lado maior” da essência do Yoga, como chegamos até lá?
No Ocidente, acabamos por privilegiar a ligação ao nosso corpo, exercitando-o, libertando tensões e revitalizando-o a nível energético. Assim prevalece de forma mais comum, a pratica de Hatha Yoga, onde se usa bastante o corpo para alcançar níveis de serenidade mais profundos. Dentro do Hatha Yoga, existem inúmeros métodos diferentes mas com um objetivo comum: alcançar um estado neutro e assim conseguir permanecer.